John Carpenter, o grande mestre dos filmes de terror, dirigiu em 1982 sua obra prima, a refilmagem do clássico de ficção científica “O Enigma de Outro Mundo”.
A história do grupo de cientistas que enfrenta um alienígena metamorfo na Antártica, além de contar com Kurt Russell no auge de sua carreira, é muito elogiada pela qualidade dos efeitos visuais.
Filmado em uma época em que a computação gráfica ainda dava seus primeiros passos no cinema, todos os efeitos do filme são do tipo prático. Isso significa que, seja pelo uso de marionetes e maquetes ou pela aplicação de próteses e maquiagens extremamente complexas, tudo o que aparece na tela realmente existe enquanto objeto físico.
Sem fundo verde e com algo real para os atores interagirem, muita gente, este blogueiro incluso, acredita que o filme fica muito melhor quando esse tipo de efeito é utilizado. A clássica cena em que, em plena ressuscitação cardíaca, o peito de um paciente se transforma em uma boca cheia de dentes e devora os braços do médico seria a prova máxima dessa teoria.
Mas quase trinta anos depois do filme de Carpenter, em 2011, um terceiro “O Enigma de Outro Mundo” chegou aos cinemas e deixou muita gente infeliz.
Diz a lenda que, após assistirem à versão original, com efeitos práticos produzidos pela Amalgamated Dynamics (de “Tropas Estelares”), os executivos da Universal detestaram o filme e mandaram o diretor Matthijs van Heijningen substituir quase todo o trabalho da empresa por efeitos digitais. O resultado não poderia ser outro: o filme é péssimo. Seja por culpa dos novos efeitos ou pelo direção insegura de Van Heijningen.
Mas quem gosta do universo criado por Carpenter não está disposto a desistir tão fácil assim do novo filme. Por isso foi criada a campanha “Lancem a versão original de ‘O Enigma de Outro Mundo’ de 2011” no site Change.org. Endereçado a Ronald Meyer, CEO da Universal , o abaixo-assinado pede que na edição de dez anos do filme, em 2021, seja incluída a primeira versão de “O Enigma de Outro Mundo”, com os efeitos práticos e a montagem original de van Heijningen.
As chances de que isso dê certo são mínimas. O filme de 2011 é realmente ruim e, infelizmente, o fetiche de um pequeno grupo de fãs não deve ser forte o suficiente para bancar os custos de produção de uma material tão especial como esse.
Aos órfãos do filme de Carpenter, no entanto, ainda há esperança. O filme “Harbinger Down” continua a história do alien que muda de forma e, embora seja bem ruim, consegue manter a aura dos efeitos práticos intacta ao não utilizar nem uma vez efeitos digitais.
Mas boa mesmo é a animação não-oficial “Pingu e O Enigma de Outro Mundo”, que coloca o pinguim fofinho no papel do exterminador de aliens vivido por Kurt Russell.
Não há como não gostar. Massinha, como todo mundo sabe, não é nem um pouco digital.
Que a Força esteja com vocês!