Preciso confessar: Eu fui uma criança cagona.
No prédio, enquanto os moleques se reuniam para assistir “Alien – O Oitavo Passageiro”, “O Predador” ou qualquer um dos inúmeros volumes de “Faces da Morte” (lembram deles?), eu ficava no meu quarto montando Lego ou inventando alguma outra desculpa para não fazer parte do grupo.
A origem desse medo, no entanto, não está na morte, na violência ou no sangue presente em cada um desses filmes, mas no terror que David Bowie um dia me causou.
Na virada dos anos 1980 para 1990, numa época em que o VHS era algo extraordinário, meu primo costumava alugar “Labirinto – A Magia do Tempo” o tempo todo. Não bastava termos assistido ao filme no cinema, ele tinha de estar passando o tempo todo no videocassete de sua casa.
Dirigido por Jim Henson, o pai dos Muppets, “Labirinto” era o ápice de toda tecnologia de efeitos especiais criada por ele. Fantoches, marionetes, robôs animatrônicos, fantasias, maquiagens… Tudo isso dava vida a um universo habitado por centenas de criaturas fantásticas. Era uma espécie de Galinha Pintadinha/Peppa Pig para meu primo.
Comigo era diferente. Eu morria de medo, mas não dos monstros. Quem em assustava era Jareth, o humanoide rei dos duendes interpretado por David Bowie. Toda vez que ele aparecia na tela meu coração, inexplicavelmente, parava. Não sei se era culpa do mullet, da maquiagem maluca, dos olhos de duas cores, das roupas ou do próprio Bowie, mas parava.
“Labirinto” foi a primeira vez que eu senti medo vendo um filme e dali para frente tudo mudou. Quando eu sabia que determinada história assustava, já tratava de inventar alguma desculpa para ficar de fora. Foi por isso eu só consegui assistir a “Jurassic Park” anos depois do lançamento, por exemplo. Filmes de terror, então…
Pensando bem, acho que meu medo ao assistir a autópsia daquele ET no Fantástico também tem a ver com o Bowie. Vai ver era algum parente dele. Sei lá…
Pelo menos agora eles vão se reencontrar em um galáxia qualquer.
Que o major Tom esteja com vocês!